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Meu rico Portugal...

Bandeira Portuguesa

É difícil, num momento como este, que todos nós, portugueses, estamos a viver, poder escrever sobre viagens, sobre o Mundo e as aventuras que ele nos proporciona.
Com o país a arder, fogos que se propagam cada vez mais e frentes extintas que voltam a reacender, os ânimos permanecem desanimados e em constante provação.
Nas ruas, já não vemos rostos sorridentes e desapegados, mas semblantes sombrios, onde o medo se sobrepõe a tudo.
Ansiamos pela chuva, cansados deste calor sufocante a que não estarmos habituados e que em nada ajuda a actual situação. Ligamos a TV e só vemos a desgraça, que nos atinge no âmago: a nossa vegetação, as nossas terras, as aldeias tão típicas; tudo devastado, consumido pelo fogo.
Somos um país tão rico! Em cultura, paisagens, mar e terra. E sentimos-nos tão pobres, tão impotentes perante a força e destruição da Mãe Natureza.


Aos que não estão aqui, é impossível descrever o tamanho da dor e do luto que estamos a viver, todos unidos por uma causa, mas muitas vezes de mãos atadas. Pedimos por ajuda, por solidariedade e pelo fim do pesadelo... E nada é suficiente!
As notícias chegam, cada vez piores, com mais feridos, mais pessoas evacuadas das suas casas, terras e do que lhes resta, além da vida. Procuram-se potenciais culpados, enterram-se os primeiros mortos e o povo acorre às zonas mais debilitadas, para ajudar. E continua a não ser suficiente!


Ao medo, junta-se agora a revolta. O que poderia ter sido feito? O que deveria ser evitado? Foi mesmo uma trovoada seca ou houve mão criminosa? Podemos culpar o Governo, a Proteção Civil, os Bombeiros, a GNR ou qualquer força de intervenção?
Chamadas de valor acrescentado, cujo IVA reverteria a favor das entidades fiscais; donativos transferidos, em que eram pagas as comissões bancárias inerentes. É o pouco que podemos fazer para ajudar e, mesmo assim, havia quem continuasse a lucrar com a desgraça de compatriotas.
Até serem ouvidas as nossas vozes, queixas e indignações. Foi feito hoje o compromisso que os valores fiscais serão usados exclusivamente no auxílio dos afectados. Vamos acreditar nisso, é o que nos alivia a consciência.


Não considero o momento certo para gastar as energias na procura de motivos ou culpados. Ainda estamos a combater os fogos, a socorrer vítimas e desabrigados, a tentar soluções. Mas a nossa voz continua firme e forte para que, finda a luta, possamos ter respostas e, acima de tudo, acções de prevenção.
Temos fogos todos os anos, mas este, sem dúvida, foi o de maior escala e com mais perdas. Acredito que a maior parte das desgraças tenham o seu aprendizado; esta cobertura mediática dos órgãos de comunicação nacionais, com certeza que resultará numa mudança de mentalidades, creio eu. Não pode ter sido tudo em vão!
Estes últimos posts, não vos escrevo como viajante. Não poderia! Escrevo como portuguesa, como ser Humano, como pessoa que vê as chamas a levarem os seus...


E a todos vocês, que me leêm nas mais variadas partes do Mundo, tenho um pedido a fazer... Que a nossa desgraça não vos impeça de nos visitar, no futuro; que o nosso turismo, em constante crescimento, não sofra consequências, porque muitos de nós vivemos dele; que o nosso canto à beira-mar plantado continue a ser visto assim, pela sua beleza e património.
O Mundo continua à espera de todos nós... E aqui, apesar de tudo, continuamos a ser um país muito rico para os que nos visitam! 🙏

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