Dedicada a Cristo, a segunda divindade da Santíssima Trindade ("Pai, Filho e Espírito Santo"), a Igreja passou por fases distintas ao longos dos mil e quinhentos anos de existência.
De Igreja Ortodoxa a Católica, foi posteriormente transformada em mesquita e mais recentemente, com a reforma e a implantação da República da Turquia, na década de 30, elevada a museu secular por Mustafa Atatürk.
A atual basílica é a terceira construção, pois as suas antecessoras viriam a ficar destruídas por duas grandes revoltas e os incêndios resultantes destas.
Por quase mil anos, foi a maior catedral do Mundo, perdendo o seu posto para a Catedral de Sevilha, em 1520. No entanto, será sempre um grande feito na história da engenharia e da arquitetura.
Projetada por Isidoro de Mileto e Antêmio de Trajes, médico e matemático gregos, Hagia Sophia viu o seu interior ser construído e decorado com os mais nobres materiais.
Do Templo de Artémis, em Éfeso, foram trazidas colunas helénicas; do Egito, blocos de párfiro, tipo de rocha resultante de erupções vulcânicas antigas; mármore verde, veio da região da Tessália, na Grécia; pedras negras do Bósforo e amarelas da Síria; todos combinados numa demonstração de grandeza e majestosidade, que nos faz sentir bem insignificantes.
Depois de numerosos incêndios, terramotos e saques de relíquias a que foi sujeito, o edifício teve muitas reconstruções e adições: quatro minaretes, candelabros enormes, um púlpito em mármore e quatro medalhões negros inscritos a ouro com os nomes de Alá, do profeta Maomé e dos quatro primeiros califas.
Do lado exterior, foram adicionadas uma torre com um relógio e uma nova madrassa, a escola corânica.
A ausência de Santos e outras manifestações cristãs, deve-se ao Imperador Leão III, o Salvador do Império, que por intolerância religiosa, iniciou o movimento de Iconoclastia - combate à veneração de imagens - e mandou destruir todas as que haviam na basílica, ainda antes de esta vir a converter-se em mesquita muçulmana.
Representações Humanas não são aceites nas mesquitas, no entanto, durante o período Otomano, os muçulmanos tiveram o cuidado de cobrir e proteger os mosaicos cristãos.
Preservados ao longo dos séculos, atualmente encontramos representações da Virgem Maria com o filho no colo, do Rei Leão VI a ajoelhar-se perante Jesus e de João Baptista, junto com Maria, a implorar a a Cristo que perdoe a Humanidade.
Nos espaços pendentes da cúpula, vemos também os quatro Serafins - anjos-da-guarda de Deus - e nas restaurações de 2009 foi descoberta a face de um deles, escondida ardilosamente sob uma camada de ouro.
Há um padrão circular no chão que marca o Ônfalo, símbolo do centro cósmico, onde eram coroados os imperadores bizantinos e acredita-se que o Portão Imperial, reservado à sua entrada e da família, foi feito com madeira da Arca de Noé.
Santa Sofia é um lugar que respira história, ocultismo e segredos que nunca nenhum de nós poderá compreender. Entrar ali é testemunhar o poder que Deus ou Alá, como lhe quisermos chamar, teve sobre a obra e inspiração humana.
A sua grandiosa cúpula tem 55 metros de altura e 32 de largura, a par de duas meias cúpulas e 40 janelas que permitem a entrada de luz solar, iluminando aquela que era a maior e mais sumptuosa da sua época.
Numa passagem por Istambul é impossível não reparar naquela que é um dos ícones da cidade, a par com Mesquita Azul, ambas situadas no bairro de Sultanahmet, por isso as 40 liras turcas de entrada, aproximadamente 10€, são um bom investimento.
A basílica encontra-se fechada nos primeiros dias do Ramadão e a meio tempo na Festa do Sacrifício, mas durante o ano está aberta nos seguintes horários:
Das 09h às 19h entre Abril e Outubro;
Das 09h às 17h, entre Outubro e Abril.
Até ao próximo post... Conseguem adivinhar qual a obra que se segue?!
A Mesquita Azul também tem muita história para contar, mas por agora, tenho o Mundo ali, à minha espera! 🌍🙏
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