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Cidades Subterrâneas da Capadócia


A região da Capadócia, na Turquia, é um lugar mágico, saído directamente dos contos-de-fada.
Repleta de chaminés - resultantes da erosão da pedra vulcânica - e cavernas subterrâneas esculpidas por milhares de anos, foi berço de várias civilizações, desde a Hitita, aos Persas, Helénicos, até ser conquistada pelos Romanos e caindo, posteriormente, sob o domínio do Império Otomano.



As três vilas mais conhecidas e principais pontos turísticos são Goreme, com os seus vales e igrejas do século XI, Uçhisar, a aldeia troglodita e ponto mais alto da região, e Ortahisar, cujo nome deriva de castelo, devido à sua formação rochosa e pitorescas casas de pedra.


Uma das experiências a não perder nesta região da Anatólia Central, é a visita a uma das muitas cidades subterrâneas que ali permanecem, construídas pelos seus habitantes entre os séculos VII e XII, de forma a protegerem-se das numerosas invasões estrangeiras.


É inebriante a sensação de percorrer aqueles corredores debaixo da terra, alguns com vinte andares, e perceber como a população que ali viveu teve o cuidado de escavar habitações, compartimentos de armazenamento de alimentos, adegas, igrejas e até estábulos, tendo sempre em vista um fenomenal sistema de ventilação que permite a qualquer visitante, até o mais claustrofóbico, sentir-se cómodo.


Foi para fugir aos ataques árabes e persas que os habitantes da Capadócia viveram séculos nestes labirinto de cómodos, onde podemos sentir sempre uma fresca brisa a envolver-nos, mesmo quando descemos por passagens estreitas e algo escorregadias. É necessário algum cuidado extra e, por diversas vezes, manter a cabeça baixa (para os mais altos), mas é uma experiência que, no final, compensa e muito, como quase todas as que vivemos no país.


As duas cidades subterrâneas mais importantes são as de Kaymakli e Derinkuyu, mas nós visitamos a de Saratli, onde encontrámos à saída, num misto de vozes que chamavam "Madame! Madame!", vendedoras de bonecas típicas, feitas e pintadas à mão.


Como base um pau de madeira, retalhos de tecidos e restos de lãs, a boneca da Capadócia é o tipo de artigo que nunca me imaginaria a comprar, em parte pela semelhança a um boneca de vudu, por outro lado, a insistência das jovens mulheres que apregoavam o velho desconto de leve mais, paga menos. Mas o facto é que trouxe uma, não sei se por piedade ao saber que é o sustento dos que ali vivem ou porque se tornou uma souvenir original, que nos proporcionou a todos grandes gargalhadas e alguns pesadelos com uma possível boneca assassina.


Se decidir viver esta experiência histórica numa próxima viagem, aconselho a levar um calçado confortável, que não escorregue com facilidade, de preferência ténis, pois o terreno é acidentado e não queremos perder a diversão com uma queda turca.


Como viajar é, para mim, mais do que ver e estar num lugar, também prefiro acompanhar-me por um Guia no local, para que possa aprender todos os factos e curiosidades que nos engrandecem o conhecimento sobre cada País.


Quando se encontrar a alguns metros abaixo do limite do solo, não deixe de reparar nas estratégicas esferas de pedra, utilizadas como bloqueio à passagem de possíveis invasores, nem de passar a mão nas paredes das grutas, onde podemos sentir o leve pó resultante da rocha vulcânica. Cinzas dos vulcões, um produto da Natureza, que levariam anos e anos incontáveis a formarem uma pedra mole que permitiria, mais tarde, ser talhada consoante a necessidade humana.


Até ao próximo post... Igrejas rupestres, passeios de balão, um cruzeiro no Bósforo, tanto para vos contar. Mas até lá, o Mundo continua à nossa espera!


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